13.3.08

GASTRONOMIA




A Culinária de Canavieiras

É um prazer escrever sobre as particularidades da culinária canavieirense, tão rica e tão variada. Dos frutos do mar -abundantes na região- até os diversos doces típicos, encontramos verdadeiras delícias, certas de agradar ao mais requintado paladar.

Quando pensamos em cozinha baiana, vem à mente uma deliciosa moqueca com aquele tempero todo especial. Mas nos enganamos em pensar que moqueca é apenas moqueca. Aqui esta modalidade toma conotações próprias. Existe na Vila de Atalaia, tradicional de pescadores, o Festival Anual da Moqueca, que geralmente acontece durante o Carnaval. Já foram registrados trinta tipos diferentes de moqueca num só evento. Além das tradicionais versões feitas de camarão, robalo, sururu, vermelho, cação, arraia e outras mais, existem ainda criações mais sofisticadas, dentre elas o camarão branco com quiabo, ova de dourado, ostra com batata, camarão com fruta-pão e até mesmo carne do sol com abóbora. Por falar em carne do sol, ela na verdade é muito especial na região. Muitas vezes artesanal e deliciosa, é bastante apreciada por todos, assim também como o jabá, ou carne de charque, que é parte integrante do "feijão-com-tudo-dentro", uma feijoada bem eclética muito popular por aqui, e de outros pratos como o beiju baiano recheado de jabá desfiado com queijo coalho.

Até mesmo o acarajé é muitas vezes reinventado. Em algumas barracas, as baianas fazem o recheio de catado de aratu (pequeno caranguejo abundante nos manguezais). Outra inovação é o acarajé para tira gosto, uma porção de bolinhos em miniatura, servido num pratinho com os acompanhamentos do lado. Vai bem com a sagrada cerveja bem geladinha.

E tira gosto como a poã à milanesa, servida em alguns restaurantes, é de uma delicadeza capaz de conquistar os mais exigentes. A "lambreta na chapa", mexilhão preparado com molho de pimenta de cheiro e coentro e levado ao fogo na própria concha sobre uma chapa de alumínio, é outra escolha que agrada na certa, e chega à mesa fervilhando. Existe ainda a famosa "cabeça de robalo", que na verdade de robalo não tem nada. Trata-se de uma casca de caranguejo recheada de catado de aratu preparado num molho muito saboroso, geralmente acompanhada de um pirão bem baiano, epecialidade da casa.

Os doces também têm seu lugar reservado na culinária local. A cocada com certeza se faz presente, e além de suas variedades tradicionais, a branca, a queimada e as com leite, hoje aparece em versões mais modernas e diferenciadas, com sabores como o maracujá, a goiaba e o jenipapo. As doceiras da cidade trabalham cuidadosamente na confecção de doces como o de caju, em calda ou seco, e também no processo paciente exigido pelas deliciosas cocadas de cacau, que com certeza podem ser chamadas de avós do chocolate em barra, por serem versões mais rústicas da delícia.

Para resumir, mesmo sem considerar os outros encantos e atrativos da cidade, a culinária por si já é uma boa razão para se fazer uma visita a Canavieiras. Aliada à simpatia e hospitalidade do povo nativo, torna-se uma combinação perfeita para coroar aquelas tão esperadas férias revigorantes, banhadas de paz e sossego.